sexta-feira, 19 de outubro de 2007

TROPA DE ELITE É OSSO DURO DE ROER




Não ,eu definitivamente não gostei do que supostamente é chamado o maior fenômeno do cinema nacional.

É óbvio que o uso do marketing em cima da pirataria em massa das cópias semanas antes da estréia deu resultado.Sou mais um entre os 11 milhões que não foram a nenhuma sala de cinema para ver uma obra que entre outros temas ,retrata o lado do cidadão chamado "playboy", aquele que financia o tráfico, o "maconheiro" que mata o traficante sem ter sequer uma arma na mão , segundo o Cap. Nascimento.

Pois eu comprei a cópia pirata para assisti-la sem muita empolgação ,estava mesmo querendo saber o que estava causando tanto furor no meio cinematográfico desde o ótimo Cidade de Deus.

Mas TROPA DE ELITE não é nenhum CIDADE DE DEUS ,Que pena e ainda bem.Ambos são filmes fiéis em retratar o mundo do tráfico e violência do Rio de Janeiro.Só que CDD é antes de tudo entretenimento, mesmo na cena de chacina de crianças (chocante) o que prevalece no filme é um humor ,uma malandragem tipicamente carioca que romantiza todos os bandidos e mostram os policias como corruptos ,fracos e ineficientes.

TDE inverte esta filosofia e bota todas as cartas na mesa .Nele há vários personagens de diversos núcleos sociais.Mas são basicamente três grupos que se interagem e ao mesmo tempo se chocam.

Bandido é bandido, o pobre desprovido de meios cabíveis para se safar desse meio em que o coloca há várias gerações passadas como marginal.O que resta, matar ou morrer.

E os Policias se dividem em corruptos e honestos.è nessa segunda categoria que o BOPE qualifica seus homens:homens que se alistam num curso extenuante capazes de suportar torturas terríveis, humilhações, mal comem e dormem e tensões psicológicas e acima de tudo cumprir seu objetivo.

E por último os usuários de drogas.Aquele "playboy" que no ínicio do post numa das cenas clássicas do filme é agarrado pelo Capitão do BOPE e grita no seu ouvido enquanto esfrega sua cara na ferida de bala no abdómen do cara que acabara de lhe vender maconha: "QUEM MATOU ESSE FILHO DA PUTA?",o garoto apavorado com uma escopeta apontada em sua cabeça ainda gagueja "HÃ,HEIN".Num explosivo discurso de Capitão perante seus subalternos ele se indigna "NÃO ,FOI VOCÊ SEU MACONHEIRO DE MERDA!" NÃO o maconheiro de merda não matou o traficante.
Cap.Nascimento em seu árduo turno de comandante do bope à espera de sair da corporação para se dedicar ao nascimento de seu filho e procura com dedicação assídua um substituto que esteja não menos qualificado que ele próprio.Sua vida se destabiliza totalmente ,lidar com tanta violência o faz se tornar dependente de remédios tarja preta, se torna trêmulo ,sua o tempo todo e desconta sua raiva na esposa.Seu maior desafeto é aquele que para ele é o vagabundo, o que sustenta o milionário crime do tráfico de drogas.

TDE é quase um documentário.E aí está seu maior mérito-Sua veracidade-e esse é talvez o único ponto positivo do filme-é assustadora.Mas de qualquer forma as pesquisas confirmaram o que já é o pensamento de muita gente:Traficante não pode ter benefícios e nem visto como um coitado, ele sabe que seus consumidores vão sempre precisar deles,por isso o policiamento deve ser rigoroso onde certas regiões o armamento dos bandidos é de uma guerra.Treinamento intensivo e coragem não são os únicos requisitos para um homem do BOPE ele deve seguir a profissão como uma ceita ,proteger seus companheiros e a sociedade cegamente.

É justamente nesse realismo de discussões entre polícia e ladrão ,o personagem central:o USUÁRIO é superficialmente ou propositadamente mostrado para se que se torne claro quem é o "verdadeiro vilão".Já que a trama é toda narrada pelo Capitão Nascimento é nos diálogos em off que se torna mais ácido o discurso contra os os garotos do Leblon"quantos playboyzinhos a mais vão introduzir uma criança no crime para enrolar seu baseado?"

Não vamos nos esquecer que esse círculo vicioso usuário-traficante é um dos mais rentáveis e que não há como indicar um culpado pelo tráfico.Sem um não há outro.É um tão culpado quanto o outro.

Mas o que não se fala em TDE é que nem todo usuário é playboy,vagabundo ou faz movimento em prol a alguma coisa.Por que um cidadão que trabalha oito horas por dia e ainda estuda,pagando todos os impostos e tarifas de transportes e serviços inificientes não pode ter um momento de descanso e lazer em casa seja ouvindo um rap, seja lendo uma bíblia,o ou fumando um baseado.

Vamos acabar com o mito de que todo usuário é vagabundo ou riquinho.Sim eles trabalham ,estudam, e se estressam como todo mundo de vez em quando e recorrem a sua válvula de escape .Uma experiência mais sadia que matar índio ou bater em travesti.

O caminho até enrola-lo foi longo, mas o filme mostra em partes o que acontece.Porém esquece uma coisa:as torturas ,os tapas na cara, e principalmente a humilhação que a população enfrenta pelo governo é a mesma que os personagens de TDE enfrentam.É claro que não tem saco plástico nem cabo de vassoura.O mesmo governo que ignora o fato de que o tráfico aumenta cada vez mais o consumo e a violência.Quando a hipocrisia for posta de lado e estudar leis estaduais para a liberação das drogas talvez os drogados sejam vistos de outra forma.

Sem contar que como filme me deixou muito a desejar.Fora as ótimas interpretações do elenco, nada me chamou a atenção, nenhuma edição original, fotografia regular, trilha repetitiva.Mas com certeza é um filme para ser comentado e quem sabe reavaliado.


Postei ouvindo "Polícia"-Titãs e "Tropa de Elite"-Tijuana

Um comentário:

Anônimo disse...

Alienado!!!

Tapado! Bandido tem que morrer... E o filme retrata a história de brasileiros de verdade...